Qual a hora certa para ter filhos? Existe um momento ideal para ‘pausar’ a carreira?
- giselesocastro
- 8 de out. de 2019
- 3 min de leitura
Esse tema sempre gera dúvidas entre os casais. A maior parte das mulheres de hoje focam na profissão, no crescimento profissional e na busca pela tão sonhada estabilidade financeira. São comprometidas e entregues aos desafios que aparecem em seus caminhos e, graças a isso, conquistam carreiras sólidas e bem-sucedidas.

Com o foco na vida profissional, os anos vão passando e nunca chega o momento certo para ter um filho. Sempre há um novo desafio a vencer ou algo diferente a ser conquistado. Quando realmente param para pensar no assunto, estão com mais de 35 anos e, em muitos casos, descobrem que engravidar pode não ser mais tão simples. É aí que entra o número cada vez maior de tratamentos de fertilidade em todo o mundo.
Segundo a Sociedade Espanhola de Fertilidade (SEF), a probabilidade de uma mulher saudável engravidar aos 30 anos é de 20% a cada mês. Aos 40 anos, cai para apenas 5%. O fenômeno da fertilidade é global: em 2023 o mercado alcançará 27,5 bilhões de euros (115,5 bilhões de reais) no mundo, com taxas de crescimento anual de 9%, segundo estimativas do Allied Market. No Brasil, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o número total de fertilizações in vitro realizadas em 2018 foi de 43.098, um aumento de 18,7% em relação às 36.307 realizadas em 2017.
Como se pode ver, em muitos casos, adiar a maternidade pode gerar dificuldades e levar à busca por tratamentos que, além de terem custos muito altos, são extremamente desgastantes para as mulheres.
Vencida essa etapa e a gravidez finalmente concebida, chega o esperado momento de ter o filho (ou os filhos) nos braços. E, pela primeira vez em muitos anos, essas mulheres se ausentam dos seus trabalhos para se dedicar integralmente ao papel de mães. Vivem os meses de licença-maternidade com dedicação e se preparam para voltarem à ativa, reassumindo as rédeas das suas carreiras.
Quando retornam ao trabalho, grande parte dessas profissionais é descartada. Segundo trabalho divulgado pela Fundação Getúlio Vargas, há aumento imediato no desemprego das mães ao fim da licença-maternidade. Ainda segundo a pesquisa, metade das trabalhadoras mães saem do mercado de trabalho em até 24 meses após retornarem da licença, normalmente por iniciativa do empregador.
Ou seja, em pleno momento de empoderamento feminino e de luta por direitos igualitários, quase metade das mães são afastadas de seus empregos ao voltarem de suas licenças-maternidade.
E o que acontece com essas mulheres? Estão mais maduras, mais experientes, têm cargos mais altos e, consequentemente, as suas recolocações são muito mais difíceis.
É inevitável questionar: será que valeu a pena a espera pelo ‘momento certo’? Existe mesmo uma hora ideal? Essas são perguntas sem respostas corretas. Cada um tem o seu próprio contexto familiar e possui valores, prioridades e sonhos particulares. E tudo isso precisa ser levado em conta na hora de uma decisão tão importante e definitiva.
O que não pode acontecer, em hipótese alguma, é a mulher se tornar descartável porque se ausentou, por alguns meses, para ser mãe. O seu valor e a sua importância como profissional continuam existindo e têm que ser valorizados. Para terem uma carreira, elas não precisam abdicar de serem mulheres (e vice e versa). Elas são extremamente capazes de exercer uma grande variedade de papeis e é exatamente esse conjunto diverso de atuações que as torna ainda mais interessantes, competentes e indispensáveis.
Muitas empresas já estão no caminho certo e valorizam – e muito – o talento feminino, inclusive nos cargos de chefia. A consultoria Great Place to Work realiza, há três anos, o GPTW Mulher, uma versão especial do já renomado prêmio, tendo como foco as melhores empresas para as mulheres trabalharem no Brasil. Na matéria da revista Época, é possível ler detalhes sobre o ranking de 2019, incluindo os diferenciais das organizações vencedoras.
Que muitas outras organizações sigam esses valiosos exemplos e percebam o enorme potencial do perfil multifacetado das mulheres, sejam elas mães ou não.




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